terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Voz e som - uma aproximação fenomenológica entre expressão e acústica

No âmbito do Seminário Questões de Estética 2010/2011 do Instituto de Filosofia da Linguagem da Universidade Nova de Lisboa (IFL-UNL) no próximo dia 12 de Janeiro de 2011 realiza-se uma sessão dedicada ao tema "Voz e som - uma aproximação fenomenológica entre expressão e acústica", com Eduardo Abrantes e Diana Soeiro. No texto de apresentação desta sessão de problematização filosófica sobre a voz podemos ler:

«Na vida quotidiana, a voz humana cumpre as mais variadas funções: dizer, chamar, queixar, interromper, apelar, etc. Os seus múltiplos usos e manifestações – tidos como laços acústicos, invisíveis mas indelevelmente presentes, que se impõem no campo experiencial – constituem um nexo essencial na relação com o outro e com o próprio.
 

Enquanto fenómeno acústico, a voz é esquiva, simultaneamente difícil de conter pela definição e de explorar pela reflexão – a sua essencial materialidade distrai e inspira, e frustra mesmo a acuidade quantificável da medida científica. Enquanto objecto de indagação filosófica, a sua natureza dupla de portadora necessária e contudo excessiva do discurso, gerou historicamente mais confusão do que interesse, mais curiosidade do que urgência interpretativa.
 

Esta apresentação tem como objectivo o tentar delinear algumas linhas produtivas para o questionamento da natureza e dinâmica presencial da voz, num contexto mais amplo da fenomenologia do som.

1) Numa primeira linha, exemplos e inspiração são recolhidos a partir do cuidado com a ocorrência quotidiana da voz, e também de algumas manifestações artísticas integradas no género sound art, e na prática performativa em torno das chamadas extended voice techniques, em casos como os da artista, coreógrafa e compositora americana Meredith Monk, do artista sonoro grego Mikhail Karikis, entre outros.
2) Depois, de que forma a voz não é captada ou é excepção de uma forma de som? Como é que a voz tem vindo a escapar a ser pensada pela filosofia? Tomando a voz nas suas possibilidades de expressão “com som” e “sem som”, ie, assumindo uma distinção entre voz interior e voz exterior, podemos assumir que ambas podem ser caracterizadas a partir de uma mesma descrição (uma fonte, um horizonte, reconhecimento, ressonância etc)? E ainda assim: o que é que as distingue? Em que medida pode a voz, com ou sem som, tomada enquanto expressão, definir um espaço, um território?
 

Em suma: como problematizar filosoficamente a voz? Para quê fazê-lo? Que estratégias adoptar nesta procura?»