No âmbito do Ciclo de Conferências Doutorais em Estudos da Criança 2011/2012 organizado pelo Doutoramento em Estudos da Criança da Universidade do Minho, amanhã à tarde (2 de Março, 17h00) realiza-se no Auditório do Centro Multimédia do Instituto de Educação, em Braga, uma sessão dedicada ao tema "Estratégias para promoção da leitura inferencial com crianças", com Alina G. Spinillo, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (Brasil), coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Psicologia da Educação Matemática (NUPPEM) e investigadora que tem trabalhado nas áreas da Psicologia do Desenvolvimento Cognitivo e da Psicologia da Aprendizagem sobre desenvolvimento de conceitos matemáticos e sentido numérico em crianças, conhecimento sobre diferentes géneros de textos e desenvolvimento da consciência metatextual, relações entre aprendizagem e desenvolvimento cognitivo, entre outras questões. No texto de apresentação podemos ler:
«Auxiliar crianças a superar dificuldades de compreensão de textos tem sido o objetivo de muitas investigações na área, assim como o objetivo de diversas propostas didáticas. De inegável relevância para a vida social e acadêmica dos indivíduos, a compreensão de textos é discutida a partir de considerações teóricas e dados empíricos derivados de uma pesquisa realizada com crianças com dificuldades nesta área. O estudo tem por foco as inferências, visto que muitas das dificuldades experimentadas por leitores iniciantes residem justamente no estabelecimento de inferências. Dando continuidade a uma ampla agenda de pesquisa, o estudo examina a possibilidade de que algumas situações de leitura sejam mais facilitadoras que outras quanto ao estabelecimento de inferências por crianças com dificuldades de compreensão de textos. Quatro situações de leitura foram apresentadas a crianças alunas do 3º e 4º anos do ensino fundamental de escolas públicas na cidade do Recife, Brasil.
A Situação 1 consistiu na leitura interrompida de uma história, em que após cada interrupção, foram feitas perguntas de natureza inferencial sobre o trecho lido. Na Situação 2, semelhante à Situação 1, os participantes tanto respondiam perguntas como também forneciam explicações a respeito das respostas dadas. A Situação 3 consistiu na leitura interrompida do texto, sendo apenas perguntado se haviam entendido o trecho lido. A Situação 4 consistiu na leitura do texto sem qualquer interrupção, como ocorre na maioria das situações de pesquisa e em sala de aula. Comparações entre as situações mostraram que a Situação 2 foi a que mais propiciou o estabelecimento de inferências, melhorando o desempenho das crianças. Além do desempenho foi realizada uma análise a respeito dos tipos de erros apresentados. Implicações educacionais são discutidas a respeito de como promover em sala de aula o estabelecimento de inferências, sobretudo em crianças com dificuldades nesta área.»
