terça-feira, 10 de maio de 2011

A criança com cegueira na primeira infância

No próximo dia 11 de Maio realizam-se no Instituto Português da Juventude de Coimbra as II Jornadas de Deficiência Visual e Intervenção Precoce dedicadas ao tema "A criança com cegueira na primeira infância", uma iniciativa organizada pela Associação Nacional de Intervenção Precoce em colaboração com a Consulta de Baixa Visão do Hospital Pediátrico de Coimbra no quadro das actividades do Centro de Apoio à Intervenção Precoce na Deficiência Visual (CAFAP - CAIPDV).

A jornada organiza-se em torno de três painéis temáticos: I. Interacção e comunicação; II. Desenvolvimento da criança com cegueira; III. Oportunidades de aprendizagem da criança com cegueira. Comunicação e vínculo afectivo, implicações da cegueira no desenvolvimento da criança na primeira infância (habitualmente situada entre os 0 e os 3 anos), perspectiva educacional, aprendizagens pré-braille e actividades da vida quotidiana, orientação e mobilidade das são algumas das questões em debate no presente encontro, que conta com um momento sensorial para crianças da creche e jardim-de-infância. No texto de apresentação podemos ler:

«De acordo com estudos realizados na área de intervenção precoce, que comparam crianças cegas com crianças que vêem, a sequência do desenvolvimento da criança cega é igual à da criança que vê, porém o ritmo é mais lento, no tocante à postura e a deslocamentos. Os reflexos são análogos, resguardando a função óculo-manual da criança que vê. Na criança que não vê, a ausência da visão irá interferir na construção do seu esquema corporal futuro: lateralidade, organização e estruturação espaciais, e na orientação e identificação dos objectos e pessoas (Warren, 1984). Tais estudos reforçam ainda que a cegueira é factor de restrição ao processo de desenvolvimento como um todo, acarretando na área da locomoção a perda do equilíbrio, dos reflexos de protecção, da coordenação motora e do sentido de justeza dos passos (Miller, 1979). Freedman e Cannady (1971) assinalam que a restrição ambiental incide mais no processo de orientação e mobilidade do que a perda da visão, assim como a síndrome da superprotecção, afirmam Warren e Kocon (1974).


Outros factores que interferem no processo de desenvolvimento infantil da criança cega é o pouco contacto da mãe com a criança (Burlingham, 1967; Fraiberg, Smith e Adelson, 1969) e a ausência de estimulação vestibular: não mudar a criança de posição ou pegá-la ao colo (Waren, 1984). Ferrell, Shaw e Deitz (1998) acrescentam que o tempo se encarrega de diminuir a diferença que existe entre as aquisições básicas de desenvolvimento da criança cega em relação à criança que vê, permitindo-nos a reflexão de que um programa de atendimento em intervenção precoce poderá minimizar ainda mais essa diferença (Farias, 2002).»

Programa

09h00 - Sessão de Abertura
Luís Borges - Presidente da ANIP 
Idália Moniz - Secretária de Estado para a Reabilitação* 

PAINEL I: INTERACÇÃO E COMUNICAÇÃO
Moderadora: Leonor Carvalho (Psicóloga, Mestre em IP, Directora de Serviços da ANIP)

09h30 - A Comunicação e o Vínculo afectivo com o bebé com cegueira
Mercé Leonhardt (ONCE)

10h30 - Testemunho de uma família de criança com cegueira

11h00 - Intervalo

11h30 - Momento sensorial (crianças da Creche e JI)

PAINEL II: DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA COM CEGUEIRA
Moderador: Boavida Fernandes (Pediatra do Desenvolvimento, Consulta de Desenvolvimento na Deficiência Visual do Hospital Pediátrico de Coimbra)

11h45 - Implicações da Cegueira no Desenvolvimento e Estratégias da Intervenção
Mercé Leonhardt (ONCE)

12h30 - Discussão

12h45 - Almoço

PAINEL III: OPORTUNIDADES APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM CEGUEIRA
Moderador: Júlio Paiva (Professor de Orientação e Mobilidade)

14h00 - A Criança com Cegueira, Perspectiva Educacional

14h45 - Pré-Braille e Actividades de Vida Diária
Teresa Maia (ACAPO)

15h30 - Pré-Requisitos para Orientação e Mobilidade 
Peter Olwell (ACAPO)

16h15 - Discussão

16h30 - Encerramento
Mário Ruivo - Director do CDSS Coimbra*  
Viviana Ferreira - Directora Técnica do CAFAP-CAIPDV