«(...) Tanto a sua obra é pura, força de uma natureza de todas as estações, seus traços, suas cores levitam aéreos – mas reais e presentes.
Lembro a sua casa na Travessa do Abarracamento de Peniche, o seu quartinho por detrás das descarnadas traves pombalinas.
E da varanda alta e florida de verdes, os longes do céu, dos telhados de Lisboa, do rio – longes que trazem o sagrado do silêncio. E a Maria olha. O seu olhar de menina sábia. Suas mãos de leveza alada. Maria na varanda.
Ave de espanto e de espantos. Encantamento que ri, que recusa chorar.
E Maria tanto sente no silêncio do seu amar.
Maria, obrigada de todo o coração.
Encontrar seu voo em livros meus foi, para mim, um raro presente da vida que a sua generosidade nunca me recusou.
Maria, que suas mãos continuem, por muito tempo, a voar. Menina sábia em sua varanda.»
Matilde Rosa Araújo, 2004
Maria Keil ilustradora, Exposição na Biblioteca Nacional
Maria Keil ilustradora, Exposição na Biblioteca Nacional